Carol/Ana - Capítulo 6

Heberto estava afinando as cordas de seu violão quando a porta começou a ser socada desesperadamente. Ele correu para atender e se assustou quando Daniela entrou correndo.
- Dani? O que aconteceu?
- É a Carol! Ela tentou me matar!
- Tentou te matar? Do que você está falando?
- Ela matou a Bruna e o Edu e agora tentou me matar.
- Espere ai que eu vou buscar um copo de água para você e quando você se acalmar você poderá me explica essa historia direito.


***

Ana chegou em frente a pequena casa amarela da rua. Passou pelo muro e tocou a campainha. Fez uma cara de preocupada enquanto pensava que poderia perfeitamente ser uma atriz, afinal, já tinha conseguido atuar até aquele momento. Ludimara abriu a porta.
Ludimara sempre foi considerada a mais estranha de todo o colégio. Vivia geralmente sozinha, tinha uma coleção de adagas. Alguns achavam que ela era apenas mais uma adolescente gótica, embora o boato maior era que ela fosse descendente de bruxos.
- Carol, que surpresa.
- Ludi eu estou tão preocupada - Falou Ana entrando na casa.
- Preocupada com o que?
- A Bruna, o Edu, todos estão morrendo. Eu estou com tanto medo.
- Quem é você? - A expressão no rosto de Ludimara mudou para uma expressão mais séria.
- Sou eu Ludi, a Carol.
- Não, você não é. Eu sinto. Você é diferente.
- Diferente como?
- Responda minha pergunta primeiro. Quem é você?
- Meu nome é Ana - Disse tirando a preocupação do rosto e aderindo uma expressão mais séria.
- Só Ana?
- A Carol era jovem demais para pensar em me dar um nome completo.
- Entendo. Então a Carol lhe criou e não tem mais controle sobre você?
- Bom, acho que ela nunca teve.
Ana pega uma estátua da deusa egípcia Ísis, que enfeitava o centro da sala e acerta a cabeça de Ludimara que cai lúcida no chão.
- Ana? Porque você está fazendo isso?
- Sinto muito Ludi. Sinto muito.
A outra tacada chega a ser tão rápida que Ludimara nem ao menos sente.

***

- Você tem certeza disso? - Perguntou Heberto incrédulo.
- Sim, foi a Carol quem matou o pessoal. E não vai parar neles. Ela vai vim atrás de nós.
- Precisamos fazer alguma coisa então. Vamos à polícia.
- Vamos sim.

***

Ludimara acorda amarrada na sala. Na sua frente está Ana analisando sua coleção de adagas.
- O que você está fazendo comigo?
- Sinto muito. Entre todos os amigos da Carol você era a que mais se parecia comigo.
- Foi você quem matou o Edu e a Bruna?
- Sim. Eu não tinha escolhas. A Carol sempre conversava comigo e então ela conheceu vocês e eu fiquei só.
- Mas não precisa ser assim. A gente sabe de você agora.
- Quando a Carol conheceu vocês - Lágrimas escorrem no rosto de Ana - Eu fui deixada de lado e ia morrendo dentro dela a cada dia, ficando cada vez mais fraca. Quando a mãe da Carol morreu, ela ficou exposta, ficou fraca, mais fraca do que eu, e então eu pensei, é agora, minha chance de matar todos eles e ter a Carol de novo somente para mim.
- Eu não vou implorar pela minha vida. Se quiser me matar vá em frente, mas em momento algum diga que eu sou parecida com você. Por que eu não sou uma assassina.
- Por que você não tenta me entender. Entre todos os amigos dela, você é a única que sentiu minha presença, você era a mais solitária, você entende o que é solidão.
- Eu ficava sozinha por que eu sentia coisas que eles não entenderiam, eu era diferente deles, mas ao mesmo tempo eu era igual e amava eles de verdade. Nunca vou aceitar o fato de você ter machucado eles.
- Você é especial Ludi. Se eu pudesse, lhe deixaria viva. Entenda por favor.
- Se você vai me matar, acabe logo com isso, mas você viverá com esse fardo para sempre.
Ana pega uma das adagas e passa animalescamente pelo pescoço de Ludimara.
O Sangue começa a jorrar. Ana encosta a cabeça entre as pernas dela e começa a chorar. Entre os soluços, pedidos de desculpas eram pronunciados em voz baixa.

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