O Bom Velhinho


Sentado na sua velha cadeira de balanço, papai Noel lia as ultimas cartas que recebera das crianças. Dedicava-se todos os anos a dar as crianças um pouco de alegria que nunca tivera na infância graças a sua mãe alcoólatra que morreu cedo e seu pai molestador que acabou na prisão. Contava com quinze ajudantes, jovens entre 16 e 24 anos que foram seqüestradas por uma justa causa. Uma das que ficava encarregada de colocar os presentes no trenó, acidentalmente tropeçou, caindo por cima do que seria uma boneca para uma garota brasileira de seis anos.

A colecionadora


Depois de dois meses do término de seu namoro, Alberto resolveu sair para uma das baladas de sua cidade na tentativa de se divertir. Enquanto tomava uma dose de vodka com seus amigos, encantou-se com uma bela garota que dançava a alguns metros dele. Os amigos o convenceram a ir lá dançar com ela. Dançaram, conversaram e logo estavam se beijando. Depois de troca de sussurros no pé do ouvido foram para a casa dela, que era pertinho daquele ambiente. A casa era grande e muito bem mobiliada. Ela trouxe uísque com gelo para ele que ficou tomando enquanto a garota foi no quarto. Passaram-se alguns minutos e ela voltou completamente nua.

Formigas


Samuel vivera por 73 anos e não tinha nada que ele odiasse mais do que formigas. Fazia questão de matar todas que encontra-se pela frente, e matava com vontade, até que uma tarde, um homem, negro, alto e bastante elegante bateu em sua porta.
- Pois não?
- Posso entrar?
- Claro que não, eu não o conheço.
- Temos um assunto em comum,
- Não sei do que você está falando – falou Samuel enquanto fechava a porta.
- Não tão rápido – falou o homem, enquanto segurava a porta, impedindo-a de ser fechada.
- O que você está fazendo?
- Conhecendo-te, meu amigo.
O homem soltou a porta e saltou sobre o pescoço do velho. Agarrou-o com uma das mãos e o imprensou contra a parede. A outra mão foi levada e enfiada na boca do velho. Samuel foi ficando sem ar, meio tonto, mas sua visão ainda embaçada pôde ver o homem de decompondo, seu corpo se transformando em formigas. Várias, que iam entrando pela sua boca. Do homem negro só sobrou as roupas que ficaram abandonadas sem um corpo no chão. Samuel ficou de pé, era capaz de sentir as formigas andando dentro de si, pulsando seu coração, alimentando-se do açúcar de seu sangue, controlando seu cérebro. Aquela sensação era boa. Uma formiga entrou na casa. Samuel a pegou-a, levou a pequenina até sua orelha e escutou o que ela tinha a dizer, depois saiu disposto a dá continuidade a missão. Em breve, a raça humana seria aniquilada.

Fim!!

Festa de Halloween

Era véspera de halloween e uma grande festa a fantasia começava no centro da cidade. O homem fantasiado de zumbi procurava seu par perfeito, a principio ficou na dúvida entre a bruxa e a morte, mas acabou que não escolheu nenhuma das duas. Ficou só com seu copo de vodka quando avistou a demônia.
Aquela era a fantasia mais perfeita de todas, dentro da mulher mais perfeita de todas. A loira semi-nua estava toda pintada de vermelho, na cabeça chifrinhos que pareciam serem mais verdadeiros que o rabo que balançava nas suas costas. O zumbi não perdeu tempo, perguntou se poderia lhe pagar uma bebida, mas a moça respondeu que não bebia, tentando despista-lo. Mas ele era insistente, foi atrás, perguntou o que ele queria para que ela aceitasse ficar com ele.
‘Sua alma’ ela respondeu. Ele riu alto, disse que por ela tudo era válido. Ela se animou, agarrou-lhe, beijou-lhe, mordeu-lhe e enfiou o tridente que trazia na mão em seu tórax. O chão embaixo dele se abriu, um pequeno buraco quente de onde vinha o fogo, ninguém mais na festa parecia ver o buraco, exceto o zumbi que jazia vivo no tridente. Ela o jogou lá dentro e pulou em seguida. O buraco se fechou e ninguém se importou porque não viram nada. A torre do relógio do centro da cidade anunciou que era meia-noite e o halloween tinha chegado.

Uma Nova Realidade


Emergi em uma desconhecida escuridão azulada que tomava conta de todos os meus olhos. Tentei me mexer, mas meu corpo se encontrava pesado demais dentro de algum liquido super denso. Sussurros eram ouvidos ao meu redor, tentei chamar alguém, pedir ajuda, pedir que me tirassem dali, mas simplesmente minha voz não saia.
Escutei passos se aproximarem, minha vista estava embaçada demais, talvez alguém tivesse me drogado e me levado aquele lugar, fui começando a enxergar o semblante de um rosto em minha direção.
Fiz um pouco de esforço para falar e minha voz saiu baixa e um pouco metálica, talvez pelo ambiente que eu me encontrava:

O pequeno vulto


Marcelly sempre seguiu os conselhos que seu pai lhe dava quando criança, até que em uma noite fria de segunda-feira ela deixou passar um dos conselhos mais importantes: “Sempre confie nos seus olhos”.
Estava se enrolando na toalha depois de um refrescante banho quando viu um pequeno vulto passando em direção a seu quarto. Coisa rápida, um vulto tão pequeno que poderia ser uma criança com não mais de dois anos de idade. Ignorou, rindo de como a mente humana leva o individuo a ver coisas. Foi até o quarto, já tinha a roupa que usaria separada em cima da cama. Entrou, derramando gotas de água do seu corpo por todo o chão, não teve ao menos a chance de acender as luzes, sentiu algo agarrar-lhe a perna fazendo-a cair de costas no chão. Algo quente passou rapidamente por sua barriga, seguido por muita dor. Gritou por socorro o mais alto que pôde, a ponto de acordar a vizinha do andar de cima que desorientada ligava para a polícia. Rastejou para fora do quarto escuro e pôde ver o semblante do seu agressor aparecer.
Quando a policia chegou ao apartamento de Marcelly, a porta estava totalmente aberta, no quarto, o corpo da vítima totalmente esquartejado e irreconhecível. Braços jogados para um lado, pernas para outro. Nenhum sinal da cabeça da moça. Do quarto até a sala pequenas pegadas sujas de sangue. O agressor nunca foi encontrado pela policia, nem a cabeça.

FIM

O quadro

O vermelho, o azul e o amarelo se misturavam nas mãos da pintora, e antes mesmo que ela percebesse, já estava pronta a sua obra, o ultimo quadro que pintaria em toda sua vida: Chamas em Nova York.
Pendurou o quadro na parede do hotel em que se encontrava. Acendeu seu ultimo cigarro e petrificou os olhos enrugados no quadro. Lembrou do primeiro quadro que pintara em uma adolescência fodida a setenta e cinco anos atrás e de como tinha o desejo de ser alguém na vida. Perdeu-se naqueles pensamentos, deixou o cigarro cair, não se importou, sabia que aquilo já estava predestinado, chorou, arrependendo-se de tudo que fizera.
O tapete começou a pegar fogo, o fogo era de um azul vibrante, ela não se importou. Seu nome era conhecido mundialmente graças a um pacto que fizera anos atrás onde a juventude lhe dava ambições. Hoje pagaria seu preço.
O fogo se tornou mais forte e a chamou. Ela caminhou até ele, sem precisar mais de sua bengala, não sentiu dor. O alarme de incêndio começou a tocar. Pessoas começaram a correr nos corredores, água começou a cair do teto. Aquela água não apagaria aquele fogo, não antes dele levar o que havia vindo buscar.
Não demorou muito para o corpo de bombeiros chegar, invadiram o quarto, apagaram toda a chama, mesmo sendo tarde demais para salvar a velha artista.
O quarto ficou todo queimado, todo destruído, com exceção de uma parede que ficara intacta, junto com um quadro. O ultimo quadro daquela artista.
FIM

Amy Winehouse


A cantora andava de um lado a outro do seu quarto apreensiva quando um senhor de idade chegou carregando uma garota dopada nos braços e deixando-a na cama.
- Onde você a encontrou?
- É uma indigente, não se preocupe, não irão sentir falta dela, logo mais o tatuador e o cirurgião chegarão Amy, transformarão ela em você e a doparemos mais até ela ter uma overdose.
- Você acha que esse plano dará certo mesmo?
- Deu certo pra mim, porque não daria para você minha querida? Não se preocupe, logo logo você estará morta para o mundo e viverá tranqüila longe de todos esses paparazis de merda. Serão só você e eu, podendo ter finalmente uma vida normal.
- Isso será ótimo, nem sei como te agradecer Kurt.
- Esse não é mais meu nome querida, do mesmo jeito que quando esse sábado amanhecer Amy não será mais o seu também.
Os dois se beijam, mas são interrompidos pelas batidas na porta, Kurt Cobain a abre, entram o cirugião e o tatuador, ambos começando a fazer seus serviços, enquanto Amy terminava de arrumar uma pequena mala. Antes de saírem, Amy olhou mais uma vez para a menina morta no seu quarto, sentindo a semelhança entre as duas. Olhou uma última vez para o espelho para contemplar o rosto que mudaria em poucas horas, uma lágrima caiu do seu rosto, então elas apagou as luzes e saiu. O sol já estava nascendo!

Fim!

O vendedor


Ivison havia organizado tudo para sua morte, tirara todos os móveis da sala, deixando apenas uma cadeira no meio, logo embaixo ao lustre com a corda que o enforcaria. Respirou fundo, deu dois passos adiante e fechou os olhos, procurando em sua mente a coragem que precisava para seguir em frente com o plano, infelizmente seus pensamentos foram cortados pelo som da campainha.
Ao abrir a porta Ivison se depara com um senhor no auge de seus sessenta anos, todo bem vestido com um paletó, uma mala na mão e um sorriso amarelo de quem abusa diariamente da nicotina.

Épido


A mulher tentou gritar, pedir ajuda, mas foi em vão, sua boca estava amordaçada, suas mãos amarradas na cabeceira da cama. O único ato voluntário que conseguiu fazer foi fechar os olhos quando o facão na mão do agressor descia sobre a cabeça de seu marido. Manteve os olhos fechados, rezando, implorando a Deus que aquilo fosse um sonho, que logo acordaria. Sentiu a agressor subindo por cima dela, sua mordaça sendo retirada da boca, respirou fundo e abriu os olhos. Lá estava o rosto do garoto, dezessete anos mais jovem, com um sorriso louco e olhos de admiração.
- Por quê? Porque você está fazendo isso?
- Porque eu sempre lhe amei, e me doía saber que você nunca ficaria comigo
- Não seja louco, eu não poderia, sou sua mãe, você não entende a loucura disso tudo?
- Entendo que se não posso ter você, ninguém mais poderá.
A mãe não teve tempo de dizer mais nada, sentiu a faca entrando em seu peito. O agressor fechou os olhos, beijou-lhe a boca. A mãe morreu enojada com aquele ato, se arrependendo de ter dado amor demais aquela criança.
O filho ficou deitado com a mãe até o dia amanhecer, acabou adormecendo umas duas ou três vezes, mas sempre coisa rápida demais. Depois acordou de vez, deu um outro beijo na mãe e jurou “Eu te encontrarei em outra vida, uma vida onde nosso amor não seja proibido”. E então, se matou!

Motel Assassino


O homem gordo estava deitado no colchão d’agua completamente nu se vendo no espelho de teto sem se importar se estava ou não fora do peso, enquanto a prostituta, uma mulata alta que fora encontrada na quinta avenida, fazia seu trabalho de vai e vem sobre o pênis do cliente, com um pouco de dificuldade por causa da barriga dele. O gordo fechou os olhos, preparou-se para gozar, a prostituta olhou para ele, preparando-se para fingir um orgasmo quando viu a cabeça do gordo afundar no colchão d’agua, que começou a sufocar-se. O colchão ia prendendo a cabeça do homem criando uma nova forma. O homem a empurrou e começou a debater-se, enquanto o colchão o sufocava e prendia o seu corpo. Fora da cama a prostituta tentou tirar as unhas para tirar o colchão da cara dele quando ouvindo um sorriso vindo do teto. Ela olhou assustada para cima, viu seu reflexo sorrindo para ela, tentou correr, mas foi em vão, o espelho despencou-se sobre seu corpo nu.
Quando a arrumadeira entrou no quarto tomou um choque. Encontrou os dois corpos ensangüentados sobre o vidro quebrado. Soltou um grito abafado e correu para chamar o gerente. A porta não quis mais abrir. Começou a rezar para nossa senhora de Guadalupe quando escutou movimentos atrás dela. Olhou para trás e viu a prostituta sorrindo para ela. Nenhum grito mais foi ouvido então.

Fim!!!

Desejos Noturnos


O olho dele acompanhou o corpo dela através do forte luz que piscava naquela boate. Chegou junto. Começou bem, perguntando se poderia pagar alguma bebida para ela, e depois de três martinis a pergunta evoluía para: Na minha casa ou na sua? E a casa escolhida foi a dela. A casa com o imenso jardim se localizava em uma rua sem saída. A sala era enfeitada com estátuas de homens e mulheres nus. Ele foi se adiantando e enquanto desabotoava a camisa ia logo lhe beijando a face. Ela pediu que ele não se apressasse muito. Levou o visitante até seu quarto e lá pediu que ele tirasse a camisa e se deitasse na cama. Ela foi até a gaveta e pegou duas tiras de um suave tecido. Pegou as mãos do visitante e amarrou sobre a cabeceira.

Fogo

Os pais da garota haviam saído para jantar, comemoração de dez anos de casamento, deixaram-na só, com sete anos de idade já tinha idade suficiente para ficar sozinha em casa por duas a três horas, pensaram os pais!
A jovem ficou no quarto vendo televisão quando os pais saíram, passava um programa de perguntas e respostas valem diversos prêmios que ela pretendia ganhar no mesmo programa quando mais velha ficasse!
Quando terminou o programa, ela resolveu brincar, primeiro com suas bonecas, depois foi até a cozinha e avistou uma caixinha de fósforo a encarando-a!
A caixinha fazia um som legal quando sacudida, uma musica quase que convidativa a uma brincadeira.
A menina que já vira a mãe usar outras vezes aquela caixinha resolveu se divertir com a luzinha que dela saia. Acendeu o primeiro palitinho e viva, via nascer o fogo, deixou o palitinho cair no chão e viu o fogo morrendo. Acendeu outro e soprou. Que divertido!
Resolveu acender outro em cima da sua boneca, que estranho o rosto dela derretendo. E mais um palitinho na cortina da casa. Sorria sublimemente a garota com a cortina de fogo da sua casa, depois com o sofá de fogo, sua cama também ficou com fogo. Ela simplesmente sorria, amando todo aquele cheiro de queimado! Tudo era fogo, tudo brilhava sem parar. A menina cansou, deitou no chão e ficou vendo o fogo crescendo até o teto! “Está quente aqui” pensou!


FIM!!!

O medo de amar

Era um pobre menino perdido à procura de amor!!
Conheceu o amor de várias formas e sempre acabou se machucando!!
Um pobre menino!!
Desiludido, resolveu fechar seu coração, nunca mais amaria ninguém!!
E quando deixou de procurar, eis que encontrou uma pessoa diferente!!
E então pode ver que o que sentiu antes, jamais foi amor!!!

Está faltando luz no céu


A rotina permanecia a mesma durante toda a semana, as donas de casa levantaram-se para preparar a comida, as crianças tomavam banho para irem para a escola, os pais tiravam a barba para mais um dia de trabalho. Porém naquele final de fevereiro aquela semana terminou diferente. Era sexta-feira, os despertadores tocaram, mas ainda permanecia escuro nas ruas. As donas de casa não fizeram café da manhã, nem acordaram as crianças cedo para irem à escola, os maridos saíram de casa sem se preocupar se a barba estava crescendo ou se estavam de pijama. Quando menos esperavam estavam em centenas. Homens e mulheres aglomerados ao meio da rua, de manhã, em pleno escuro, olhando para o céu! Para os que acreditavam que o sol não tinha nascido naquele dia, erraram, lá estava o sol, fraco, se apagando, uma bola de fogo diminuindo-se até se confundir com uma estrela prestes a se apagar! Naquele dia ninguém foi para o trabalho, nenhuma criança fora para a escola, todos pensando o que poderia ter acontecido com o astro rei. O final de semana acabou, a energia consumida fora triplicada. As plantas começaram a morrer, algumas pessoas saíram na rua anunciando o fim do mundo. A comida foi ficando de difícil acesso, as pessoas isolavam-se em suas casas, a vida foi começando a acabar. Os mares foram deixando de evaporá-se e foram enchendo mais de água fria que invadiam as cidades. A temperatura ia diminuindo cada vez mais, o frio predominava na imensa massa escura. Os que não se suicidaram foram morrendo de frio e fome, com direitos a delírios antes do que um dia fora a terra que conhecera.


FIM!!!

Eterno


Dois corpos nus deitados no chão. Do lado de fora a chuva. As mãos de um sobre o peitoral do outro. Um deles sentou-se, lavou as mãos com a bacia de água que se encontrava ao lado. Fechou os dedos, assoprou, uma bolha de sabão flutuou sobre os dois.
-Queria ser essa bolha – Falou aquele que continuava deitado.
-Queria? Por quê?
-Viveria por alguns segundos apenas, nasceria e morreria perto de você. Seria quase um romance épico.
-Mas não quero ter você por um breve momento. Nasceu e quero que dure por muito mais tempo.
O que sentara, voltara a deitar-se. Entreolhavam-se, esperando que aquele momento nunca acabasse como a vida da bolha de sabão.

Fim